segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Caso Barcos: o lado racional




Há três dias, o Palmeiras negociou o seu jogador mais importante do elenco: Hernán Barcos. A negociação dividiu opiniões de torcedores palmeirenses e parte dela já culpa a gestão (ainda embrionária) do presidente Paulo Nobre.

É evidente que perder um jogador da qualidade de Barcos é ruim, mas a postura e as declarações de Nobre já davam indícios de que ele priorizaria a reestruturação do clube, sobretudo, a situação financeira.

Palmeirinha, apelido pelo qual Nobre é conhecido, assumiu o Palmeiras com uma dívida de cerca de R$ 160 milhões e uma série de 'pepinos' para resolver, já que a antiga diretoria, encabeçada por Arnaldo Tirone, deixou os seus resquícios.

Parcela da preocupação do presidente era o Pirata. Desde o rebaixamento da equipe para Série B, o argentino nunca escondeu a insatisfação de continuar no clube e justificava que disputar tal competição não era bom para ele profissionalmente pensando na seleção argentina.

A partir daí, não demorou para a LDU (antigo clube e detentora de 30% dos direitos econômicos do atacante) também aparecesse na história. O clube equatoriano acusou o Palmeiras de dever US$ 750 mil (cerca de R$ 1,5 milhão) e ameaçou entrar na Fifa. Sem esquecer, é claro, que o Verdão ainda devia pagamentos a Barcos.

Diante disso surgiu a solução mais racional: negociar Barcos e quitar os débitos. O Grêmio insistiu, fez a proposta e levou. Simples assim. Em troca, o Palmeiras recebeu o zagueiro Vilson (contrato até o fim de 2013), volante Léo Gago, o meia Rondinelly e o atacante Leandro, além de uma compensação financeira já que  Marcelo Moreno se negou transferir para o Palestra Itália.

Analisando a qualidade dos atletas que chegaram, o pacotão foi uma troca ruim para o Palmeiras, uma vez que os reforços envolvidos são considerados de nível apenas regular. Entretanto, já imaginou se Barcos entrasse na justiça para se transferir para o clube gaúcho e o Palmeiras perdesse todo o investimento feito nele? É, pensando por esse ponto, a decisão de Nobre foi acertada.

Ainda dentro deste polêmico caso, uma coisa não pode deixar de ser comentada: a forma em que a negociação foi conduzida. Foi tão amadora que os palmeirenses até se lembraram de Arnaldo Tirone e Roberto Frizzo (que pesadelo!). Como facilitar a saída de Barcos (para ajudar o Grêmio inscrevê-lo na Libertadores) sem ter garantias de quais atletas vai receber? No deslize, fica a lição para Paulo Nobre e José Carlos Brunoro.

Aproveito o espaço aqui para reproduzir a declaração do presidente alviverde no último dia 4.

"A expectativa é de um buraco grande e isso se confirmou. Muito se fala da dívida do Palmeiras, mas se comparar aos outros clubes não é tão grande assim. A situação é complicada, mas administrável. Zerar a dívida é até possível. Vamos tentar reverter, mas zerar é muito difícil ao menos que você venda três jogadores. O fato não é zerar (a dúvida), mas colocar o Palmeiras no eixo, as próximas gestão vão acabar zerando. A dívida é administrável, mas NÃO PODE COMETER ERROS"

Um comentário:

Eduardo Carraro disse...

A questão não é sobre perder o Barcos, o Henrique ou quem quer que seja.

O problema é o melhor jogador do seu time, o cara que tem o maior apelo junto à torcida, ser trocado por um cacho de bananas.

Ok, entendo a dívida. O Palmeiras devia um milhão e pouquinho ao Barcos, um milhão e pouquinho à LDU. Entendido. A solução achada por Nobre e Brunoro foi negociá-lo? Ok, também entendo. O que não entendo é a costura desse acordo.

O Palmeiras, como vendedor, deveria valorizar a sua "mercadoria", deveria exigir a presença de jogadores que o interessavam, tais como Marco Antônio e Marcelo Moreno (e fechado com eles antes).

Se você troca o seu melhor jogador por um bom atacante e um meia razoável (posição ultra carente já que só temos Valdivia e moleques muito jovens para o setor) e mais um ou dois jogadores (Vilson e Leandro, por exemplo) torna-se uma troca absolutamente boa para o time e creio eu que a choradeira/reclamação seriam muito menores, pois além de quitar as dívidas, o clube passaria a ter boas peças para setores carentes (defesa, meia criativa e ataque).

Do jeito que a negociação foi feita, além de deixar um gosto amargo com relação à perda do Pirata, ainda nos deixa inseguros, pois quem garante que o próximo trocado por uma dívida e mais quatro empréstimos não será o Henrique? E depois? Souza ou Wesley?

Posso entender o motivo da venda do Barcos, mas jamais perdoarei a forma como a negociação foi tocada e finalizada.